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Autor desconhecido
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Você já se olhou no espelho hoje? Imagino que sim. Acordou, lavou o rosto e se viu no armário sobre a pia do banheiro. Talvez tenha conferido rugas ou percebido alguns fios brancos a mais. Avaliou a combinação de cores depois de se vestir, se a camisa para dentro é melhor do que para fora ou se a calça não está muito apertada? É possível que tenha escovado os cabelos e experimentado um penteado diferente, ou ainda, que tenha prendido as madeixas, porque não teve tempo de lavar, secar etc. e tal.
Quando se olhou, você se viu, conseguiu se enxergar? Observou-se? Observar é ultrapassar a camada virtual que criamos; é dissolver a fantasiosa identificação que tem por objetivo atender às expectativas criadas por seu ego ou pelo ego do outro, para o único propósito de… Encaixar-se, caber em um espaço social.
A maneira como você se identifica ao se observar é sua identidade. Nem você nem eu somos um número, seja na estatística, seja na secretaria de segurança pública ou no Detran. Cada um de nós é, na verdade, o que está dentro; somos o que está para além da imagem, para além dos registros.
“Tudo é dito por um observador”, escreveu o cientista chileno Humberto Maturana.
O ser humano é um sistema complexo vivo, o que significa que não é um mecanismo, um sistema com estrutura definitiva. Mais além, somos dinâmicos e, portanto, em nossas interações, estamos em constante mudança — comportamento e estrutura são mutáveis. Consequentemente, é impossível determinar uma conduta adequada, definitiva, para sistemas vivos, em todos os possíveis contextos, porque não podemos prever suas variações.
Dessa maneira, a interação entre seres vivos é um constante aprendizado, uma vez que, deve-se enxergar cada indivíduo em seu meio, em seu tempo e respeitando suas alterações estruturais. Eis o grande desafio daqueles que, apegados a normas, a crenças socialmente construídas, não se conectam com o que é a vida, esse acontecimento dinâmico.
Conectar-se com a vida não é discursar a favor de diversidade, mas sim agir de maneira totalmente desapegada, entendendo que há diversidade dentro da própria diversidade, e a identidade individual de seres não é exatamente aquela que você diz, mas sim aquela que é possível tocar e compreender, uma vez que você ultrapasse a superfície, mergulhando fundo no eu.
Mas se uma pessoa teme conhecer sua própria verdade, por certo não se entregará ao conhecimento da verdade do outro — o mergulho é um ato de coragem — e não será capaz de experimentar o Amor, negará histórias, e construções de existências que lhe cercam, determinando identidades a partir de pré-conceitos, estabelecendo seu próprio conforto e prazer dentro de estagnação e apatia.
Somos históricos: o continuum de nossos ancestrais. Mas somos a história agora — vidas individuais, reeditadas, revistas e ampliadas. Um observador somente poderá falar de um indivíduo se realmente observar, porque é necessário conectar-se e compreender a unicidade da existência, com todas suas peculiaridades.
Apesar de tudo isso ser importante, sobretudo, porque vivemos em comunidade, o essencial é ser seu próprio observador.
Observe-se atentamente e seja capaz de responder: quem é você? Então talvez você possa se conectar, verdadeiramente, com outros seres.
A vida não é competição nem julgamento.
Bhuvi
Vida é experiência.
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One thought on “Quem é você?”