Algumas fontes atribuem o provérbio persa “Isto também passará” ao homem santo sufi Fariduddin Attar. Ontem aprendi com meu mestre uma história que muitos místicos contam para nos lembrar de que “isto também passará”.
Pensei que seria legal compartilhá-la, porque, você sabe, isto que vivemos agora… Bem, “isto também passará”:
Um dervixe que atravessava o deserto finalmente chegou a uma aldeia. Cansado e com fome, ele pediu comida e abrigo a um homem. Este sugeriu que ele fosse à fazenda de Shakir. Ao chegar lá, o dervixe encontrou um homem muito hospitaleiro e gentil, que não somente lhe proporcionou o que ele precisava naquele momento, como também lhe abasteceu com o necessário para a viagem de volta ao deserto.
— Graças a Deus você é um homem rico — disse o dervixe.
— Não se deixe enganar por aparências, porque isto também passará – respondeu Shakir.
Em seu caminho espiritual, o dervixe aprendeu que qualquer coisa vista, ouvida, vivenciada, ao longo da jornada deveria ser compreendida como lição e, portanto, estar sujeita à contemplação.
Um dia, de volta àquela mesma aldeia, o dervixe encontrou Shakir maltrapilho, trabalhando como serviçal, junto com sua família, na casa de um homem rico.
— O que aconteceu com você, meu amigo? — perguntou o dervixe.
— Uma enchente me deixou sem gado e sem casa – respondeu Shakir.
— Eu sinto muito que você e sua família tenham perdido tudo. Mas sei que Deus tem suas razões para fazer tudo o que faz.
— Claro! Mas lembre-se: isto também passará – disse Shakir, sorrindo, tranquilo.
O dervixe viajou para a Índia e voltou. Quando chegou novamente à aldeia onde o amigo vivia, ele decidiu fazer uma visita. No entanto, em vez de encontrar Shakir, ele encontrou a sepultura do amigo com um epitáfio onde estava escrito “isto também passará”.
Sem acreditar que uma lápide pudesse jamais mudar, todo ano ele visitava o túmulo, até um dia não encontrar nem lápide nem cemitério, porque tudo fora levado por uma enchente.
Já muito velho para continuar com suas jornadas, o dervixe finalmente se aquietou. Várias pessoas que queriam aprender com a sabedoria dele passaram a visitá-lo.
Certo dia, um rei, que se sentia muito deprimido, mandou que seus servos buscassem o dervixe. O monarca esperava que o sábio criasse um anel especial, tal que ao olhar para ele se sentiria feliz, se estivesse triste e triste, se estivesse feliz.
O dervixe criou um anel de esmeralda.
Depois de colocá-lo no dedo, o rei, que ainda estava deprimido, começou a sorrir e logo depois, ria feliz. O anel tinha um texto gravado. Estava escrito: “Isto também passará”.